Centro Histórico de Cuiabá pulsa com afrovivências e memória da ancestralidade negra

Cidades 19/05/2025 15:22

 

Foram três dias inesquecíveis. Três dias de reencontro com a ancestralidade, com o chão sagrado do Centro Histórico de Cuiabá, construído — pedra por pedra, parede por parede — por mãos negras que, por séculos, foram invisibilizadas. A realização de três projetos integrados de afrovivências no coração da cidade não apenas foi uma experiência potente e inovadora, mas um verdadeiro ato de reparação simbólica, de reverência e de reinvenção do nosso presente.

Mais de três mil pessoas participaram desse movimento vibrante de memória e resistência. Foram formações, workshops, oficinas, vivências e atrações culturais que tomaram as ruas e becos da cidade antiga, transformando o cenário urbano em um grande quilombo contemporâneo de saberes e fazeres. Foi um chamado coletivo à sensibilidade e à responsabilidade com a proteção dos bens tangíveis e intangíveis que compõem a alma do Centro Histórico.

Este grande acontecimento contou com a presença de órgãos de fiscalização e acompanhamento institucional, o que evidencia a seriedade e o comprometimento com a valorização do patrimônio histórico e cultural afro-brasileiro. A presença da vereadora Katiuscia Mantelli (PSB), que acompanha o coletivo há mais de dez anos como aliada e defensora das causas negras e periféricas, foi especialmente significativa. Em sua fala emocionada, ela reforçou a importância de eventos como esse para a democratização do acesso à cultura e para a reafirmação das raízes negras que estruturam a identidade cuiabana.

“A luta desse coletivo é uma semente que floresce há uma década. É uma construção de afeto, memória e força que precisa ser reconhecida e, principalmente, fomentada com políticas públicas permanentes”, destacou a vereadora.

É urgente e necessário que esse tipo de iniciativa receba fomento contínuo, apoio logístico, financeiro e institucional. Não se trata de favor, mas de compromisso com a justiça histórica. A cultura negra não é adereço de calendário: é estrutura, é fundação, é herança viva e presente. A cidade precisa reconhecer que sua riqueza maior está nos corpos e saberes que foram marginalizados por séculos — e agora brilham com dignidade e potência.

Este evento não foi apenas mais um na agenda cultural. Foi um marco. Um passo largo rumo à valorização da cultura afro-mato-grossense e ao reconhecimento das matrizes africanas que estruturaram, com suor e genialidade, a base da cidade que hoje caminhamos.

Que esta seja apenas a primeira de muitas edições. Que a experiência se multiplique e que os poderes públicos assumam o compromisso de fazer dessa memória uma política de Estado.

Axé, Centro Histórico! Você é negro, você resiste, você vive.

Por Silviane Ramos

 


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