Polícia Federal deflagra nova fase de operação contra crime ambiental nas Terras Indígenas Kayabi e Munduruku, buscando bloquear bens e desarticular a estrutura financeira criminosa
Por Samir Machado
A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quinta-feira, 30 de outubro de 2025, uma nova etapa de operações que miram os financiadores do garimpo ilegal em áreas protegidas, especialmente nas Terras Indígenas Kayabi (Mato Grosso/Pará) e Munduruku (Pará). A ação visa desarticular a cadeia financeira que sustenta a exploração criminosa de minérios nos rios e florestas da Amazônia Legal, cumprindo 16 mandados de busca e apreensão. As operações foram denominadas de operações Kuri II e Aurum Sordidos.
O foco da operação está na localização e sequestro de bens e ativos financeiros vinculados aos investigados, responsáveis por fornecer o capital, maquinário e logística essenciais para a manutenção das atividades ilegais nas terras dos povos originários.
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Ação Coordenada e Bloqueio de Bens
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Quem? Polícia Federal (PF), com apoio da Justiça.
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O quê? Deflagração de nova fase de operações contra o garimpo ilegal e seus financiadores.
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Quando? Quinta-feira, 30 de outubro de 2025.
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Onde? Regiões das Terras Indígenas Kayabi (MT/PA) e Munduruku (PA).
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Como e Por quê? Cumprimento de 16 mandados de busca e apreensão e medidas de sequestro de bens para atingir a estrutura financeira do crime.
 
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A PF confirmou que as medidas judiciais de sequestro de bens são uma estratégia crucial para impactar a capacidade operacional dos grupos criminosos. "O garimpo ilegal na região gera severos impactos ambientais, como desmatamento, contaminação por mercúrio e prejuízos diretos às populações indígenas e ribeirinhas", destaca a comunicação da Polícia Federal. "As operações reafirmam o compromisso da Polícia Federal com a proteção ambiental, a defesa dos povos originários e o enfrentamento à mineração ilegal."
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Desdobramentos e Contexto em Mato Grosso
 
O estado de Mato Grosso tem sido um ponto focal no combate ao garimpo ilegal, com a PF intensificando suas ações ao longo de 2025. A recente operação ecoa esforços anteriores contra a criminalidade ambiental na região:
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Sararé sob Pressão: A Terra Indígena Sararé (MT) tem sido alvo constante de grandes operações. Ações anteriores, como a "Lençol de Areia" e outras no segundo semestre de 2025, visaram desmantelar a infraestrutura de garimpo e desmatamento, com apreensão de armas, explosivos, ouro e mercúrio. Em confrontos recentes na Sararé, criminosos armados chegaram a efetuar disparos de fuzil contra os policiais federais, indicando a periculosidade e organização dos grupos.
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Prejuízo Milionário: Operações coordenadas com outras agências, como a "Sararé" em agosto, já impuseram um prejuízo superior a R$ 177 milhões ao garimpo ilegal em Mato Grosso, por meio da inutilização de acampamentos, motores, motocicletas e maquinário pesado.
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Foco no Financiamento: A atual fase reflete uma estratégia nacional de atacar o topo da cadeia criminosa. Reportagens recentes e investigações da PF indicam que o maior desafio é chegar aos financiadores que "esquentam" o ouro e fornecem o suporte logístico para a extração em larga escala. Em março, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a presunção de boa-fé na compra e venda de ouro, exigindo que os comerciantes comprovem a origem do metal, o que deve dificultar o escoamento do minério ilegal.
 
A Polícia Federal continua a análise dos materiais coletados nos mandados de busca e apreensão para solidificar as provas contra os financiadores, esperando identificar toda a rede que lucra com a destruição ambiental e a violação dos direitos indígenas na região amazônica.

        
                    
                        				    
        				Operação Kuri' da PF e do Ibama começou após denúncias de indígenas da região        				
                            		
    			




