A presença da inteligência artificial (IA) no debate político costuma ser associada a riscos como deepfakes, manipulação de redes sociais e disseminação de notícias falsas. No entanto, especialistas apontam que a tecnologia também pode desempenhar um papel positivo no processo eleitoral, especialmen
A presença da inteligência artificial (IA) no debate político costuma ser associada a riscos como deepfakes, manipulação de redes sociais e disseminação de notícias falsas. No entanto, especialistas apontam que a tecnologia também pode desempenhar um papel positivo no processo eleitoral, especialmente diante da disputa de 2026.
Segundo Douglas Torres, CEO da empresa Yup.AI, algoritmos que hoje são utilizados para produzir conteúdos enganosos também podem ser adaptados para rastrear e remover informações falsas. “O mesmo algoritmo que gera desinformação pode ser treinado para identificá-la, rastreá-la e desativá-la em segundos”, afirma.
Uso no Brasil e no exterior
Plataformas digitais como Meta, X (antigo Twitter) e YouTube já empregam sistemas baseados em IA para identificar campanhas coordenadas de desinformação. No Brasil, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) firmou parcerias com empresas de tecnologia para monitorar redes sociais e adotar mecanismos automáticos de checagem e triagem de denúncias. Há ainda projetos que testam o uso de IA generativa como interface de atendimento ao eleitor, com serviços como emissão de títulos, informações sobre zonas eleitorais e orientações sobre regras de votação.
No campo da transparência, startups e centros de pesquisa desenvolvem ferramentas para rastrear a origem e a circulação de conteúdos políticos, identificando redes de compartilhamento e possíveis campanhas ilegítimas.
Em outros países, o debate sobre regulação avança. Nos Estados Unidos, eleições recentes já serviram de laboratório para o uso de IA em campanhas, o que levou a pressões por regras mais claras. Empresas de tecnologia do Vale do Silício, por sua vez, têm investido em fundos para influenciar as discussões legislativas sobre o tema.
Desafios para 2026
Especialistas avaliam que o Brasil precisará equilibrar inovação e segurança democrática. “É preciso ter um marco regulatório que estimule o uso ético e transparente da IA, sem sufocar a inovação nem permitir abusos”, defende Torres. Além de regulamentação, a educação digital é vista como peça essencial para fortalecer a democracia. A avaliação é que, sem o entendimento da população sobre como a tecnologia funciona, as ferramentas de combate à desinformação podem perder eficácia. Com a aproximação das eleições de 2026, a discussão ganha relevância.